O setor de finanças descentralizadas (DeFi) acaba de alcançar um novo patamar histórico. O Aave, um dos principais protocolos DeFi do mundo, ultrapassou US$ 50 bilhões em depósitos líquidos um marco que o colocaria entre os 50 maiores bancos dos Estados Unidos em volume de ativos sob gestão.
Segundo dados do Federal Reserve, esse volume posicionaria o Aave na 47ª colocação entre os bancos licenciados em território americano, à frente de instituições globais como Deutsche Bank e Barclays. O protocolo também supera, com folga, seu principal concorrente no DeFi, o Lido, dobrando seu TVL (valor total bloqueado).
Para o mercado, o Aave deixa de ser apenas uma referência em cripto e passa a se consolidar como uma infraestrutura comparável aos maiores players bancários do mundo.
Adoção institucional acelera crescimento
De acordo com Stani Kulechov, fundador do protocolo, a principal força por trás desse crescimento está no aumento da adoção por empresas tradicionais do setor financeiro as chamadas TradFi e fintechs.
Na prática, essas empresas estão escolhendo o Aave como infraestrutura para operações de crédito e staking, integrando seus serviços às finanças descentralizadas. Entre os exemplos mais notáveis está a Ethereum Foundation, que recentemente tomou emprestado US$ 2 milhões em stablecoins GHO no Aave, usando wETH como garantia.
Além disso, um novo projeto ligado ao universo político dos EUA chama atenção: a World Liberty Financial, empresa associada ao ex-presidente Donald Trump, anunciou planos para implantar uma instância Aave V3 na mainnet Ethereum. A plataforma permitirá operações com ativos como ETH, WBTC, USDC e USDT.
DeFi se aproxima de gigantes como a Circle e o Goldman Sachs
O impacto desse movimento vai além dos números. Os depósitos totais da plataforma já representam quase 10% dos depósitos registrados no Goldman Sachs, um dos maiores bancos do mundo. Em termos de comparação, o Aave está se aproximando do volume de ativos gerido pela Circle, emissora da USDC, segunda maior stablecoin do mercado com mais de US$ 62 bilhões em circulação.
O momento é visto como um sinal claro de que o DeFi começa a disputar espaço real com o sistema financeiro tradicional e não mais apenas em nichos cripto.
O caminho para o primeiro trilhão em TVL
Para Seb Pulido, Diretor de Negócios Institucionais e DeFi da Aave Labs, o futuro do protocolo é ainda mais promissor. Segundo ele, a combinação de Real World Assets (RWAs) com stablecoins será o caminho para levar o Aave a US$ 1 trilhão em depósitos.
A maior parte do valor global ainda está fora do blockchain. A tokenização é a ponte que vai levar isso para o on-chain. E, uma vez lá, esse valor pode servir como colateral e gerar rendimento.
Para viabilizar essa visão, a Aave Labs lançou recentemente o Horizon, um programa focado na integração de ativos do mundo real ao ecossistema DeFi, com infraestrutura pensada para atender investidores institucionais.
Um novo paradigma financeiro em construção
O crescimento do Aave marca mais do que uma conquista pontual é um indício claro da maturidade crescente do mercado DeFi e da aproximação com o mercado financeiro institucional. O que antes parecia exclusivo da esfera cripto, hoje ganha peso, legitimidade e escala global.
Na medida em que protocolos como o Aave se integram às finanças tradicionais, abre-se uma nova fase no ecossistema: a de interoperabilidade entre o mundo on-chain e off-chain, com potencial para transformar o modo como crédito, garantias e rendimento são construídos e distribuídos.
Se o Aave já rivaliza com grandes bancos em ativos sob gestão, a pergunta que fica é: quem liderará o próximo salto na convergência entre DeFi e TradFi?