O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic para 15% ao ano, surpreendendo parte do mercado e marcando a sétima alta consecutiva. O Brasil reforça, assim, sua posição entre os países com maior taxa básica real do mundo.

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) manteve os juros na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano, decisão que também já era amplamente esperada. A leitura é de que o banco central americano ainda vê riscos inflacionários e prefere não afrouxar a política monetária neste momento.

Mas afinal, como essas decisões impactam o investidor em criptoativos?


O Brasil aperta o passo

A decisão do Copom vai na contramão das expectativas de corte gradual na Selic. O Banco Central justificou o aumento com base na resiliência da inflação, especialmente nos setores de serviços, e nos riscos fiscais que persistem no horizonte.

A taxa de juros mais alta tende a:

  • Aumentar o custo do crédito
  • Reforçar a atratividade da renda fixa tradicional
  • Reduzir o apetite por ativos de risco, como ações e criptoativos

Para quem investe em cripto no Brasil, o ambiente torna-se mais desafiador: a comparação entre o risco dos criptoativos e os retornos garantidos da renda fixa pesa ainda mais na decisão de alocação.


Fed mantém juros, mas o patamar continua alto

Embora o Fed tenha decidido manter a taxa de juros inalterada, o cenário americano está longe de ser estimulativo.

  • Juros de 4,25% a 4,50% são considerados elevados para os padrões dos EUA
  • Isso representa restrição à liquidez global, o que limita o desempenho de ativos de risco
  • Empresas e investidores institucionais tendem a ser mais cautelosos

Ou seja: mesmo sem novas altas, o nível atual de juros nos EUA ainda funciona como um freio parcial para o mercado de criptoativos, especialmente no curto prazo.


Criptoativos no meio do aperto

O cenário misto entre Brasil e EUA gera alguns efeitos práticos para o investidor cripto:

  • No Brasil, a renda fixa concorre diretamente com o apelo dos criptoativos
  • Nos EUA, a liquidez mais apertada desacelera o fôlego do mercado cripto global
  • Stablecoins atreladas ao dólar podem ganhar espaço como refúgio de curto prazo, mas também perdem atratividade frente aos retornos da renda fixa tradicional

E o que fazer agora?

Para o investidor, o momento exige equilíbrio e planejamento. A pressão vinda dos juros altos deve ser considerada na construção da carteira, especialmente na ponderação entre risco e retorno.

Criptoativos continuam sendo uma alternativa relevante para diversificação e proteção contra inflação no longo prazo mas a alocação estratégica precisa estar alinhada com o novo cenário de juros altos e liquidez mais restrita.