Adriana Schilling
2022 foi um ano de inúmeros acontecimentos relevantes para todos nós, do mundo cripto. Tivemos a impressão de ter vivido sete anos em um só, tamanha intensidade e rapidez com que tudo aconteceu. Ano de cachorro que diz? Separamos os principais deles para relembrar: você vem conosco? Acompanhe a seguir a retrospectiva 2022: um ano de idas e vindas para cripto.
O início de um novo inverno
O ano começou com perspectivas positivas com relação ao mercado cripto, vindo de um período de altas históricas em 2021, esperava-se que os valores dos ativos digitais pudessem manter o cenário estável: não foi o que aconteceu, infelizmente. O preço do Bitcoin, maior criptomoeda do mercado, recuou mais de 60% desde o início de 2022. Mundialmente, enfrentamos crises econômicas com muitos agravantes: o conflito armado entre Rússia e Ucrânia por exemplo, fez com que a incerteza se instaurasse nos investimentos considerados de risco. A alta da inflação e elevada taxa de juros, também impactaram negativamente o valor dos criptoativos. O inverno cripto chegou mais cedo e, com ele, amargos prejuízos para os investidores.
“O dia em que a Terra parou”
O projeto Terra Luna ganhava cada vez mais adeptos, com o lastro de uma stablecoin algorítmica inovadora, o TerraUSD (USTC). Seu token de governança, o LUNA, controlava o protocolo e servia como garantia da lógica que manteria um USTC equivalente a um dólar. Porém, em maio, o experimento chegou ao fim. O que parecia inicialmente apenas um boato de mercado ocorreu e o lastro da stablecoin USTC foi perdido. Neste dia, “a Terra parou”.
Dentre as tentativas de salvar o projeto, a TerraForm Labs,responsável pelo projeto, fez um fork da rede Luna. Criando, assim, uma nova rede, que passaria a se chamar Terra (LUNA), enquanto a antiga passaria a se chamar Terra Classic (LUNC). Não houve boa aceitação por grande parte dos usuários, isso porque a migração de uma rede para a outra, mesmo que muito semelhante, demandaria atualizações significativas de software e hardware para operar na nova blockchain. Com um dia de atraso, pouca credibilidade do mercado, a Terra 2.0 foi lançada e, com apenas dois dias, teve uma queda de mais de 70% de interesse.
Efeito dominó
Com uma estratégia bastante arrojada de empréstimo de criptoativos remunerados com juros elevados, a plataforma Celsius Network lucrava com a diferença do depósito de criptoativos de clientes para emprestar para outros, com juros ainda mais altos.
Fundada em 2017 e considerada uma das maiores expoentes de DeFi, a Celsius recebeu alguns aportes de investimentos e chegou a valer US$ 3 bilhões. Mesmo aparentando estar financeiramente estável, o colapso de LUNA e a queda do mercado causaram um “efeito dominó”, trazendo à tona problemas de liquidez para a Celsius, que não conseguiu honrar com os pedidos de saques de seus clientes.
Depois de congelar os ativos de mais de 1 milhão de contas, a empresa ingressou com um pedido de recuperação judicial nos EUA, protocolando uma dívida de US$ 5 bilhões.
Censura e prisão até para desenvolvedores
Utilizado para aumentar a privacidade de transações na rede Ethereum, o protocolo Tornado Cash é um “mixer” de transações em blockchain, útil para quem preza por este direito, uma vez que as transações na blockchain são pseudo-anonimizadas, isto é, são públicas e acessíveis a qualquer pessoa que pode identificar o(a) proprietário(a) de um endereço desde que ela saiba a quem ele pertence.
Em meados de agosto, porém, o governo dos EUA proibiu o uso deste protocolo por cidadãos americanos, sob o pretexto de que ele teria sido usado para lavar mais de US$ 7 bilhões. Com essa decisão, todas as pessoas e entidades dos EUA foram proibidas de interagir com o protocolo ou qualquer carteira que já o tivesse utilizado. Quem o fizesse, mesmo que “sem querer”, pois não existe um modo de rejeitar transações, poderia sofrer penalidades.
Pior ainda, o desenvolvedor do protocolo Tornado Cash foi preso em sua casa, em Amsterdã, pelo Serviço de Informação e Investigação Fiscal (FIOD) holandês , acusado de facilitar a lavagem de dinheiro por ter desenvolvido um código que possivelmente foi utilizado para esta finalidade.
A democratização cripto
Milhões de novos investidores brasileiros compraram cripto pela primeira vez em 2022, com grandes players financeiros ingressando neste mercado. NuBank, Mercado Livre, XP, BTG Pactual e grandes bancos como Itaú e Santander já incluem nos seus serviços a oferta de criptomoedas. Segundo relatório da Receita Federal, apenas entre junho e julho de 2022, o número de CPFs que declararam investimentos em bitcoins e outras criptomoedas dobrou de 794.755 para 1.336.715 de pessoas.
É um recado claro para o mercado: os ativos digitais em breve serão uma excelente alternativa aos investimentos tradicionais. A consolidação dos criptoativos demonstra que essa tecnologia disruptiva chegou para ficar, mudando completamente os rumos da transferência de valores, identidades e propriedades no longo prazo.
O fim do proof-of-work da Ethereum
A tão aguardada atualização “The Merge”, da rede Ethereum, foi concluída com sucesso e, com isso, a blockchain passou a adotar o sistema Proof-of-Stake, alterando completamente a forma de consenso da rede. O novo mecanismo de participação da Ethereum, reduz em 99% o consumo de energia elétrica, mas, mais do que isso, reduz também a emissão de novos Ethers, tornando sua inflação menor.. A atualização também permite que usuários possam fazer staking de Ethers, recebendo parte dos valores das transações como recompensa por tanto. Relembre os detalhes do The Merge aqui.
A queda da FTX
Assistimos à implosão da segunda maior exchange do mundo, a FTX. Tudo começou quando o token FTT, criado pela corretora, foi vendido em larga escala, assim que a empresa-irmã da FTX, a Alameda Research, teve seu balanço patrimonial revelado. A suspeita de falta de liquidez na Alameda Research, foi o suficiente para que usuários da FTX iniciassem os saques, movimento que se intensificou após a declaração de Changpeng Zhao, CEO da Binance, em seu Twitter, afirmando que venderia todos os seus tokens FTT. Por realmente não ter liquidez para todos os saques, a FTX quebrou e ingressou com um pedido de recuperação judicial na corte americana. O escândalo de insolvência foi revelado e, atualmente, o CEO de ambas as companhias (FTX e Alameda Research), Sam Bankman-Fried, foi extraditado de Bahamas para os Estados Unidos, onde responde a diversas acusações civis e criminais, dentre elas fraude eletrônica, conspiração e lavagem de dinheiro.
Marco Civil das Criptomoedas
Em 21 de dezembro, vivemos uma data histórica para o mercado cripto brasileiro: após anos de tramitação no Congresso, foi sancionada a Lei 14.478/2022, a primeira a regulamentar oficialmente a prestação de serviço de ativos digitais no país. Este marco, que está sendo chamado de Marco Civil das Criptomoedas, é um grande avanço regulatório e coloca o Brasil na vanguarda mundial da regulamentação desse mercado. Mais do que delimitar processos e conceitos, melhora a segurança jurídica aos investidores e ratifica a legitimidade do investimento nesta classe de ativos.
Ainda temos um longo caminho regulatório a percorrer, dado que muitas definições deverão ser feitas em um escopo infralegal, pelo próprio Banco Central, que será o regulador do mercado, mas, de qualquer forma, a sinalização e interesse por trazer à luz questões de prevenção à lavagem de dinheiro, combate à fraudes, proteção e defesa dos consumidores e usuários de criptoativos é, certamente, um progresso a ser comemorado por todos nós.
Adeus, ano velho!
Como vimos, 2022 foi um ano de idas e vindas para cripto. Entretanto, no meio da queda de preços e de notícias ruins, há também motivos para celebrar.
Estamos apenas no início dessa jornada e queremos agradecer a você, usuário da Fiscal Cripto, que nos acompanhou em 2022. Desejamos que você tenha um 2023 repleto de realizações e conte conosco para suas declarações.
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